Desta vez optei pelo novo. Lembrei o dia 19 de julho de 1980. Mas saí do lugar da noiva, fiquei no lugar da Tita. Tirei de cima da imagem o véu negro, abençoei a data com o véu da noiva. Branco. Assim como eram os sentimentos, puros. Assim como era a noiva. Assim como era o noivo. A historia...
Crianças brincando de teatro - e levando a sério, com pompa e circunstância. Quando os aplausos terminaram, os noivos perceberam que a peça não terminava, ela continuava - cada um a cumprir seu papel, mesmo sem platéia fiel. Assim foi.
Pensando numa comédia romantica, se viram num drama.
Meio sem nexo, meio sem sexo.
Personagens completos, aptos em seus atos. Estariam prontos a continuar a historia?
Cada um usou as armas que conhecia.
Negação. Solidão. Introspecção. Desilusão.
Medo. Segredo.
Comédia. Tragédia.
No palco, sozinhos, sem ninguem a observar, começaram a representar.
De seu papel, a noiva pouco sabia, o noivo desconfiava - pouco falava.
Mas, coitados, tentaram até o fim. Seria como ele queria. Seria como ela temia.
Peça curta, poucos atos. Final marcado. Cumprido. Encerrado.
Cortinas baixadas, teatro vazio, a noiva sem véu, olhando ao léo...
Fico a lembrar da historia. Tentando mudar a memória.
O fim, afinal, era necessario. Para fazer a historia do imaginario...